terça-feira, 15 de maio de 2012

Por que produzir filmes custa caro?

2009 foi um ano imprevisível para a indústria cinematográfica. “A Terra Perdida" (Land of the Lost), um filme de US$ 100 milhões estrelado por Will Ferrell, obteve apenas US$ 65 milhões em bilheteria em todo o mundo, enquanto “Atividade Paranormal" (Paranormal Activity), um sucesso inesperado, custou apenas US$ 10 mil e rendeu US$ 100 milhões. Enquanto isso, “Avatar”, o mais recente filme de James Cameron, está recebendo mais atenção de mídia devido ao seu orçamento inchado – projetado em US$ 500 milhões - do que aos inovadores efeitos especiais que utiliza.

Neytiri, nativa por quem Jake se apaixona Se o custo de um filme tem pouco ou nada a ver com sua lucratividade, então por que diabos os filmes custam tanto assim – em média US$ 100 milhões, pela mais recente estimativa. A resposta é: porque ninguém quer que custem menos. Tudo se resume a um conceito financeiro conhecido como Lei de Parkinson, que explica, entre outras coisas, que os orçamentos de filmes sempre se expandirão para “absorver plenamente o capital” disponível, quer ele resulte em um produto melhor ou mais vendável, quer não.

Durante o boom econômico da metade dos anos 2000, o caixa de Hollywood estava repleto – ainda que de dinheiro de outras pessoas. Fundos de hedge de Wall Street formaram parcerias com grandes bancos de investimento como o Lehman Brothers e o Goldman Sachs para injetar US$ 15 bilhões em filmes de Hollywood entre 2005 e 2008. Investidores externos acorreram a Hollywood em larga medida devido a uma nova estrutura de pagamento que dava a eles porcentagens dos lucros totais do filme ao longo de todo seu ciclo de vida. Os lucros incluem receitas de bilheteria, serviços online de vídeo, DVDs, licenciamento nacional e internacional para TV, filmes exibidos em aviões, merchandising e licenciamento de brinquedos. No começo do ano 2000, o índice médio de retorno sobre um filme de estúdio era de saudáveis 15%. Os maiores sucessos propiciavam retornos de entre 23% e 28%.

Wall Street tratava os filmes da mesma forma que tratava os ativos hipotecários durante o boom dos imóveis. As empresas criavam pacotes de investimento em filmes e os convertiam em títulos para revenda a investidores. Quando os ativos lastreados por hipotecas começaram a perder valor, na metade do ano 2000, os bancos passaram a canalizar ainda mais dinheiro para o cinema  . Com a entrada de tanto dinheiro vindo de investidores externos, os estúdios podiam gastar menos dinheiro próprio em cada filme, e ainda assim receber uma “comissão de distribuição” de 10% sobre o faturamento bruto – uma vantagem que eles não compartilhavam com os bancos .

De acordo com a Lei de Parkinson, mais dinheiro queria dizer mais filmes, e filmes mais caros.

“Avatar”, um filme de US$ 500 milhões, obteve 60% de seu orçamento junto a fontes não cinematográficas, o que reduziu o risco de produção para os nervosos contadores do estúdio 20th Century Fox - mas ainda assim representa um filme popular dos mais dispendiosos

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