terça-feira, 15 de maio de 2012

Como é gasto o orçamento de um filme.

Antes de discutirmos a distribuição de gastos em um filme, melhor enfatizar que a contabilidade de Hollywood é, na melhor das hipóteses, dúbia. Os presidentes de estúdios sempre oferecem estimativas de custo reduzidas para fazer com que os lucros pareçam maiores, enquanto fontes internas mencionam custos exorbitantes que passam sem registro. A aposta mais segura? Presuma que todo mundo está mentindo.

Ainda que seja difícil obter números específicos, temos uma boa ideia sobre onde os estúdios gastam seu dinheiro. O orçamento de produção de um filme inclui todos os custos incorridos em pré-produção, filmagem, pós-produção e promoção. Isso inclui adquirir os direitos sobre o roteiro, pagar os salários dos atores e da equipe de produção, construir cenários, bancar efeitos especiais, figurinos, adereços, marketing, treinamento de cachorros – tudo! E quanto custa “tudo”? O orçamento médio de produção para um filme de estúdio grande em 2007 foi de US$ 106 milhões.

O diretor James Cameron trabalhou 15 anos no projeto do filme Avatar; é o mais caro da indústria de cinema até o momento - US$ 380 milhões O marketing responde por larga proporção do orçamento de um filme moderno – em média US$ 35,9 milhões -, em larga medida porque o destino de muitas produções de Hollywood é decidido na primeira semana. Muito dinheiro é investido em trailers, comerciais de TV, outdoors e sites, para atrair o máximo público possível no final de semana de lançamento. A estratégia parece funcionar: “Homem Aranha 3” obteve 45% de sua bilheteria total na primeira, enquanto “X-Men: O Confronto Final” obteve 52% de seu faturamento total na primeira semana. Ao calcular um orçamento de marketing, a regra básica é que ele seja de 50% do valor restante de produção (pré-produção, filmagem e pós-produção). Assim, se produzir um filme custou US$ 100 milhões, o estúdio precisará de US$ 50 milhões para promovê-lo.

Para os filmes de estúdio, a “aposta segura” tradicional é investir pesado em um ator conhecido. O motivo é simples: astros vendem mais ingressos e são mais reconhecíveis e vendáveis junto às audiências internacionais. Assim que um astro consegue alguns grandes sucessos, em geral conquista acesso ao exclusivo clube dos salários da ordem de US$ 20 milhões por filme – ainda que poucos deles sejam sócio vitalícios.

Depois de uma série de sucessos sem a presença de grandes astros, como “Transformers”, “Star Trek” e “Se Beber, Não Case" (The Hangover), e mais uma crescente lista de fracassos de superastros, tais como “A Terra Perdida" (Land of the Lost), de Will Ferrell, e “Duplicidade” (Duplicity), de Julia Roberts, os estúdios parecem estar começando a ver a luz. Astros como Denzel Washington e Tom Cruise estão aceitando salários mais baixos em troca de participação maior nas vendas de DVDs e nos lucros de distribuição.


Não surpreende que os filmes mais dispendiosos dos últimos 20 anos sejam aqueles com os maiores efeitos especiais: “Homem Aranha 3” (US$ 258 milhões), “Harry Potter e o Enigma do Príncipe" (Harry Potter and the Half-Blood Prince) (US$ 250 milhões) e “Superman: O Retorno" (Returns) (US$ 232 milhões) encabeçam a lista. Para “Transformers 2” (US$ 225 milhões), a Industrial Light and Magic, uma das potências dos efeitos especiais, empregou 40 animadores em período integral. James Cameron, que mais ou menos inventou o gênero de filme de superorçamento com efeitos especiais grandiosos, ao filmar “Titanic”, desenvolveu tecnologia 3D própria para “Avatar”, e investiu US$ 14 milhões em dinheiro pessoal no filme.

Com todo esse dinheiro circulando, seria de imaginar que os estúdios são capazes de perceber o potencial de sucesso de certos filmes. De forma alguma. Cada filme é um produto único (mesmo as continuações) e chega a um mercado em permanente mutação. O próximo grande sucesso pode ser uma comédia de baixo orçamento ou uma extravagância de efeitos especiais ao custo de US$ 250 milhões. Nunca se sabe – esse é o mundo do entretenimento.

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