Não
é nenhum segredo que o pessoal do HowStuffWorks desmonta qualquer coisa
para ver como funciona. E parte da equipe também fica apontando falhas
de filmes e programas de TV quando o assunto é ciência ou tecnologia
(quem está do lado não gosta nada...). Com "O Código da Vinci" não
poderia ser diferente - houve uma verdadeira caça aos erros do texto.
Neste artigo, você vai saber o que aconteceu quando demos uma olhada
mais detalhada e mais de perto em "O Código da Vinci" e em como ele usa a
ciência, a tecnologia, a arte e a história.
Problema no Louvre
"O Código da Vinci" começa com um crime no museu do Louvre, em Paris. No comando de alguém conhecido como "O Professor," um homem chamado Silas assassina o curador Jacques Sauniandegraveère. Depois de reverem a prova, investigadores franceses convocam o simbologista Robert Langdon, da Harvard, para interrogatório.
O capitão Bezu Fache, da Direction Centrale Police Judiciaire (DCPJ), tem certeza de que Langdon é o assassino. Fache faz com que um de seus tenentes plante um ponto GPS no bolso de Langdon. É um "botão metálico em forma de disco, mais ou menos do tamanho de uma bateria de relógio". Este ponto, de acordo com a criptógrafa Sophie Neveu, tem margem de erro de 60 cm e permite que a DCPJ rastreie a localização de Langdon, não importa onde esteja. Em outras palavras:
- é pequeno
- é preciso
- funciona em ambientes fechados

Entretanto, os verdadeiros sistemas de posicionamento global (GPS) podem ser pequenos, mas são geralmente maiores que uma bateria de relógio. A unidade descrita no livro também teria que ter encaixado uma fonte de energia e um segundo rádio transmissor em sua pequena concha para se comunicar com os computadores da polícia. Têm margem de erro de 4 a 100 m. Não funcionam bem em ambientes fechados, sob cobertura de árvores densas ou em áreas urbanas com prédios altos.
localização de uma pessoa e não um, como no romance

Em um outro arroubo de rápidos pensamentos, Sophie remove da parede oposta à Mona Lisa a "A Virgem das Rochas", de Leonardo Da Vinci, chamada de "Madonna das Rochas", no romance. Ela usa a pintura como escudo e ameaça destruí-la pressionando os joelhos contra a tela. Naturalmente, o oficial apreensor permite que ela escape para evitar que aquela obra de arte fosse destruída.
Alguns críticos têm observado que a cena na Salle des Etats é impossível porque Leonardo pintou a "A Virgem das Rochas" em madeira, não em tela. Contudo, o restaurador de arte Hacquin transferiu a pintura para tela em 1806. A cena também é impossível por outras razões.
- "A Virgem das Rochas" está pendurada na Grand Gallery, não na Salle des Etats. A pintura diretamente à frente da Mona Lisa é "Bodas de Canaã", de Caliari. A pintura é enorme, com quase 10 m de largura. Para sermos justos, não encontramos uma fonte que dissesse qual pintura ficava de frente para a Mona Lisa antes do fechamento da Salle des Etats, em 2001. Todavia, em várias fotografias mais antigas, os reflexos sobre o vidro de proteção da Mona Lisa indicam que não era a "A Virgem das Rochas".
- Mesmo se "A Virgem das Rochas" realmente ficasse pendurada na frente da "Mona Lisa", ela tem 2 m de altura. Alta demais para que Sofia pudesse enxergar por cima dela conforme foi descrito. A moldura ornamental de madeira da pintura também é pesada demais para que uma pessoa comum a levante sem ajuda.
- O fato de Sophie remover a pintura da parede não ativa nenhum sistema de segurança. Isso contradiz o início do livro, em que Sauniandegraveère remove uma pintura da parede para ativar o sistema de segurança que veda um corredor inteiro. Isso também contradiz o verdadeiro sistema de segurança do Louvre, que inclui detecção por proximidade e movimento. Para que fique registrado, esse sistema usa câmeras reais de segurança, que monitoram o quadro de funcionários 24 h por dia.

O albinismo é uma condição médica real em que o corpo de uma pessoa não consegue produzir uma quantidade apropriada do pigmento melanina. A maioria das pessoas com albinismo têm pele e cabelos muito pálidos e olhos ligeiramente coloridos. Alguns têm olhos cor-de-rosa, mas a maioria tem olhos azuis-claros.
O albinismo não permite que a retina e os nervos oculares da pessoa formem-se corretamente. Por essa razão, os médicos fazem exames dos olhos para diagnosticar pessoas com a doença. A maioria das pessoas com albinismo não enxerga bem porque suas retinas não funcionam adequadamente. Embora poucas sejam cegas, muitas não enxergam bem o suficiente para dirigir um carro ou, conforme foi visto em "O Código da Vinci", para atirar em pessoas à distância. Em outras palavras, é extremamente improvável que Silas pudesse desempenhar as tarefas descritas no livro. Você pode aprender mais sobre o albinismo na Organização Nacional de Albinismo e Hipopigmentação.
Outros erros não são tão complexos quanto os descritos acima:
- quando estavam indo do Ritz de Paris para o Louvre, Langdon e um agente da DCPJ passam pela Ópera e cruzam a Place Vendôme. Contudo, o Ritz de Paris fica na Place Vendôme. Para passar pela Ópera, o oficial teria que ir quase na direção oposta a do Louvre;
- Langdon diz que Sauniandegraveère, uma devota do antigo "feminino sagrado," estava interessada nas relíquias Wicca. Contudo, a Wicca é uma religião moderna;
- a entrada da pirâmide do Louvre contém 793 painéis de vidro, não 666;
- o baralho de tarô contém 78 cartas, não 22. Embora tenha 22 cartas arcanas principais. Consulte Como funcionam as cartas de tarô para saber mais;
- o primeiro dos Pergaminhos do Mar Morto foi descoberto em 1947, não nos anos cinqüenta;
- o romance implica a existência de um curador para o Louvre. Na verdade, ele tem um quadro de funcionários de 60 curadores em oito departamentos. A "Mona Lisa" tem seu próprio curador;
- a Harvard não tem um professor de "simbologia". E simbologia não é uma disciplina acadêmica verdadeira;
- não há detectores de metal na Abadia de Westminster e as pessoas não podem fazer decalques de carvão das placas naquele lugar.
De acordo com o romance, Leonardo Da Vinci colocou símbolos e códigos escondidos em suas pinturas. Por exemplo, o livro faz várias asserções sobre a "Mona Lisa", incluindo:
- Leonardo carregou a pintura com ele e recusou-se a se desfazer dela;
- a pintura é uma "colagem bem documentada de duplos sentidos e divertidas alusões";
- a irregularidade, no fundo, torna a pintura mais majestosa da esquerda para a direita, o que é um atestado do amor de Leonardo pelo feminino;
- a pintura representa uma pessoa andrógena ou um auto-retrato do artista;
- Leonardo deu à pintura nomes de divindades egípcias - Amon, deus da fertilidade e Isis, deusa da fertilidade.

Quais desses pontos são verdade? Aqui está o que encontramos:
- Leonardo realmente manteve a pintura em vez de dá-la à pessoa que a havia encomendado;
- muitos estudiosos da arte têm proposto teorias sobre a pintura e quem ela representa. Todavia, todas elas são teorias: Leonardo não deixou para trás uma análise passo a passo de suas intenções por detrás da pintura;
- Alguns pesquisadores têm apontado similaridades entre a "Mona Lisa" e o auto-retrato de Leonardo. Contudo, a teoria amplamente aceita é a de que a pintura retrata Lisa Gherardini, a esposa de Francesco del Giocondo. Essa é a razão pela qual a pintura é conhecida como "La Joconde", na França e "La Gioconda", na Itália;
- Embora você possa misturar "Amon" e "Isis'" e obter "Mona Lisa", há uma explicação muito mais simples. "Mona" é um pronome de tratamento que significa "minha senhora" em italiano e a mulher que posou para o retrato chamava-se Lisa.
A figura à direita de Jesus realmente tem uma aparência feminina, mas a maioria dos estudiosos concordam que ela é o apóstolo João, que tem uma aparência jovem e delicada na arte-final do período. Um exame cuidadoso da pintura também revela que a mão "desencarnada" realmente pertence a Pedro, embora ele esteja segurando a faca de uma maneira meio estranha.
O romance também faz numerosas asserções sobre a história e outras obras de arte. Aqui está uma relação de alguns dos pontos freqüentemente contestados.
- o Papa Alexandre não fez um elogio no funeral de Isaac Newton, embora o Papa realmente tivesse escrito um poema sobre Newton;
- O Evangelho segundo Felipe foi provavelmente escrito em grego, não em aramaico, embora o único manuscrito que tenha sobrevivido tenha sido escrito em cóptico;
- aproximadamente 50 mil pessoas, homens e mulheres, morreram durante os anos de caça às bruxas, não 5 milhões.
- o Priorato de Sion é uma organização fictícia fundada e divulgada por Pierre Plantard em 1956;
- o Rei Filipe de França realmente prendeu e torturou membros dos Cavaleiros Templários em uma sexta-feira 13, de 1306. Contudo, há muitas outras razões por trás da superstição de algumas pessoas a respeito da sexta-feira 13. Veja Como funciona a sexta-feira 13 para maiores detalhes;
- os registros sobre a história de "A Virgem das Rochas", de Leonardo, diferem. Todavia, parece que foi dinheiro, não desprazer em relação ao simbolismo da pintura, o que causou a controvérsia que levou a duas versões da pintura;
- nada na Bíblia ou em qualquer outro documento existente prova que Jesus foi casado com Maria Madalena. Ao mesmo tempo, nenhum documento existente prova que ele não foi.
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