sexta-feira, 15 de junho de 2012

Por dentro do filme Crepúsculo.

Eles são sexy, perigosos e vivem para sempre – não é à toa que os vampiros sempre despertaram fascinação em meros mortais, graças a lendas, a livros ou a filmes de Hollywood. Para contribuir com o encanto, estão os personagens Drácula, Lestat, Buffy, a caça-vampiros e mais recentemente, os protagonistas das séries de TV “Moonlight” e “True Blood”. O mais recente fenômeno vampiresco da cultura pop é a série de livros “Crepúsculo”, que conta a história de amor entre uma garota adolescente chamada Bella Swan e o lindo vampiro Edward Cullen.

Crepúsculo  “Crepúsculo” ficou 91 semanas na lista de mais vendidos do "New York Times", vendeu 17 milhões de cópias no mundo e gerou centenas de sites de fãs. Agora, com o lançamento de um filme fielmente adaptado, as atenções se voltaram das páginas para a telona. A diretora Catherine Hardwicke ("Aos Treze", "Os Reis de Dogtown"), uma fã de filmes sobre vampiros que foi conquistada pela história de amor obsessivo do livro, teve a difícil tarefa de escolher os atores para interpretar os personagens icônicos de Stephenie Meyer – começando pelo mais importante, o casal principal.

Encontrar uma atriz adolescente experiente e suficientemente capaz de lidar com Bella era assustador, mas Hardwicke se concentrou em Kristen Stewart após vê-la atuar em “Na Natureza Selvagem”. A diretora fez o teste e a escolheu como a heroína da história. O Edward perfeito foi mais complicado. Nenhum dos menos de 100 atores que ela conheceu (de milhares que enviaram fitas) era certo para o papel. “Eles pareciam ser seu vizinho ou o carinha bonitinho da escola. Edward tinha que ser alguém de outro mundo, alguém especial que não tivéssemos visto antes”, ela explica.

No final das contas, ela convidou cinco rapazes para fazerem o teste com Stewart, e Robert Pattinson (o condenado Cedric Diggory em "Harry Potter e o Cálice de Fogo") foi o mais apropriado e teve a melhor química com a atriz.

Depois de preencher as vagas de coadjuvantes com atores desconhecidos ou semi-conhecidos (incluindo Peter Facinelli, de "Damages", Elizabeth Reaser de "Grey's Anatomy" , e Nikki Reed de seu “Aos Treze”), Hardwicke teve que descobrir como filmar o longa com um orçamento de 37 milhões de dólares, 48 dias de filmagens quase inteiramente em locação, e não cenário, o que significa lidar com um clima muito variável. Adicionar cenas de ação com cordas a essa mistura aumentou o nível de dificuldade. Mas antes da produção começar em Oregon, EUA, o roteiro precisava estar pronto – o que significava atender ao critério estabelecido por Meyer.

Stephenie Meyer não era obcecada por vampiros quando ela literalmente sonhou a história de “Crepúsculo” em uma noite de junho de 2003. Auto-descrita como um “enorme gato assustado”, que mal consegue assistir filmes de Hitchcock, era uma mãe em tempo integral de três meninos sem intenções de seguir uma carreira de escritora. Mas ela escreveu seu romance, enviou a um agente que respondeu favoravelmente (dos 15 que tentou), e em 2 meses assinou um acordo de três livros com a editora Little, Brown.

O MTV Films, estúdio da Paramount, comprou os direitos do livro no ano seguinte, mas o roteiro encomendado “não tinha nada a ver com o ‘Crepúsculo’”, diz Meyer, que ficou aliviada quando o estúdio desistiu de produzir o filme. Recusando-se a repetir o que chama de “experiência horrorosa”, Meyer ficou com o pé atrás quando a Summit Entertainment se aproximou, e cedeu apenas quando a companhia concordou em obedecer suas regras por contrato: sem caninos afiados, sem caixões, sem alho e sem estacas no coração. E ninguém morre no filme sem que tenha morrido no livro.

“Meus vampiros não precisam de dentes afiados. Fortes como são, eles ficam desnecessários. Eles não dormem, e têm reflexos no espelho. Você pode tirar fotos deles. No meu mundo,” Meyer explica, “esses são mitos que os vampiros espalharam para que as pessoas digam ‘essa pessoa não pode ser um vampiro porque eu posso vê-la no espelho, então estou a salvo”.

Crepúsculo  Meyer trabalhou de perto com a roteirista Melissa Rosenberg e a diretora Catherine Hardwicke ao longo do processo. “Elas me deixaram contribuir e incorporaram 90% do que eu disse no roteiro”. Ela visitou o set de filmagem quatro vezes, e foi convencida a fazer uma aparição surpresa no filme. Ela é a mulher que fica no balcão em uma cena entre Bella e seu pai, Charlie (Billy Burke).

Para Rosenberg ("Step Up," "Dexter"), encenar um livro que é em sua maioria os pensamentos internos da narradora Bella foi o maior desafio, além de incorporar as regras de Meyer, e ela se sentiu pressionada. “Eu não queria ser a escritora que arruinou ‘Crepúsculo’ para uma geração de adolescentes. Eu sabia que o modo de satisfazer os fãs era ser fiel ao livro”, diz a roteirista, que incluiu muitos dos diálogos do romance. “A narração tem quase todas as palavras do livro”, diz ela. “Tem a ver com capturar a voz do livro e dos personagens, para que o público seja levado na mesma viagem emocional”.

Claro, algumas coisas precisaram ser deixadas de lado para dar prioridade para a história de amor principal, incluindo o passado dos personagens coadjuvantes. Os vampiros nômades – os vilões da história – acabaram aparecendo antes no filme do que no livro. Rosenberg também precisou encontrar um jeito de incluir vários diálogos de perguntas-e-respostas que explicam a mitologia dos vampiros. “Foi como pegar vários pedaços do livro e salpicar ao longo das cenas”.


A diretora Hardwicke enfrentou a tarefa de fazer com que o romance carregado de diálogos ficasse mais visual e dinâmico, e que envolvesse várias filmagens em uma das áreas mais molhadas dos Estados Unidos – perfeita para a história, mas nem tão boa para a produção.


No papel, o inverno de Portland era ideal – nublado na maior parte dos meses. Isso provou ser verdade, por talvez 20 minutos de cada vez. Hardwicke filmava uma cena de um ângulo e, enquanto preparava outro, poderia chover, cair granizo ou sair o Sol, então ela precisava estar sempre preparada com um plano B. “Todos os dias a lista de atores tinha pelo menos três cenas possíveis que poderíamos filmar. A minha lista de filmagens era feita duas, três semanas antes, às vezes até um mês. Eu fiz o storyboard das cenas mais complexas. Nós tínhamos o plano B, e o plano B do plano B”.


Crepúsculo  Considerando que era preciso mover o equipamento, equipe e atores para locações remotas na floresta, o clima contribuiu para que o filme fosse um pesadelo de logística, diz Hardwicke, que nem por isso deixou de cumprir o calendário e o orçamento. “Nós não passamos nem um dia do limite de gravação ou pós-produção”, ela ressalta com orgulho.

O elenco também achou difícil o clima imprevisível. Taylor Lautner, que interpreta Jacob Black, ainda sente calafrios ao lembrar das cenas com Kristen Stewart em uma praia fria. “Foi o pior clima em que estive tentando filmar uma cena. Para mim, esse foi o maior desafio”, diz ele. Mas a peruca de cabelos longos que tanto pinicava também não foi fácil: o cabelo “ficava sempre entrando na minha boca”, lembra ele.

A maioria dos atores de “Crepúsculo” passaram por transformações nos cabelos. “Se você tinha cabelo loiro, tingia de castanho. Se era castanho, tingia de loiro”, observa Peter Facinelli, que se encaixou na última categoria. “Levou um bom dia no salão, e ainda com os retoques, precisava de muita manutenção”.

Ele e seus colegas membros da família Cullen – todos vampiros – também precisavam usar uma maquiagem pálida. “Nós tivemos uma semana de testes com todos os tipos de maquiagem”, lembra ele. “Eles tinham uma invenção do Japão, um ionizador, e enquanto eles colocavam a maquiagem em você, se te tocassem, você levava um choque”.

Os atores que interpretaram vampiros também precisavam lidar com lentes de contato especiais que reduziam sua visão. “Nossas lentes eram pretas com um toque de vermelho sangue”, lembra Rachelle Lefevre, que interpreta a vilã Victoria. Ao usá-las, “você não tem visão periférica então não consegue descer degraus sozinho. Você tropeça muito. Eu caí de verdade uma vez – o que não foi agradável. E eu sempre me assustava com as pessoas, porque você não consegue ver quem está chegando perto de você.”

Lefevre se divertiu muito mais com os truques de ação do filme, que incluíam um traje de arame chamado Carpete Mágico, que cria a ilusão de que os atores estão se movendo mais rápido que a velocidade normal. “Nós ensaiamos em um depósito. Eles começaram bem devagar, com 8 km/h, depois 10km/h, depois 16 e depois 20, e continuavam aumentando a velocidade. Foi incrível, na verdade era como aprender a andar novamente, porque primeiro você começava de joelhos. Aterrissar era bem difícil. Você deveria parar nessas poses malucas, mas eles te brecavam e você caía pra frente”, ela conta. “Mas uma vez que você pega o jeito, é o máximo.”

Nem todos os seus colegas de elenco compartilham de seu entusiasmo com os arames, particularmente o aspecto da suspensão. “Foi doloroso pra mim”, conta Nikki Reed. “É como uma cinta de 7 kg em que você foi preso e suspenso por cabos. Então eles te suspendem e a câmera não está pronta, aí você fica no ar, balançando todo o seu peso. Parecia retardado”.

Enquanto Jackson Rathbone (Jasper) compara os truques com arame a “ser pago para ir ao parque de diversões”, Robert Pattinson achou a etapa difícil. “Tentar manter seu centro de gravidade é difícil”, ele comenta. “Pode ficar bem falso, e eu não tive muito tempo para treinar. Eles arriscaram muito ao me deixar fazer tudo isso”, diz ele, registrando que não é “o tipo de cara para filmes de ação, mesmo”.

Isso e o fato de ser britânico o colocaram em desvantagem na cena do jogo de beisebol, em que Facinelli chama suas tentativas de “divertidas mas dolorosas de se ver. Ele teve algo como uma semana para aprender a jogar beisebol. Mas ele finalmente pegou o jeito e ficou ótimo”.

Uma das cenas de ação mais perigosas envolvia Bella e Edward escalando uma árvore bem alta até o topo, filmada na beira de um penhasco no desfiladeiro do rio Columbia. Os atores fizeram parte dela, mas a escalada mesmo e a cena vista de cima por um helicóptero foram feitas pelos seus dublês. “Eles estavam presos por cabos, mas o helicóptero chegou tão perto que achamos que eles seriam derrubados da árvore pelo vento”, lembra Catherine Hardwicke. “Foi uma cena bem durona”.

Hardwicke queria que os efeitos fossem o mais práticos possíveis, mas os visuais eram necessários em algumas partes. “Tem mais de 200 cenas em que tivemos que fazer algum ajuste, mas bem pequenos”, diz ela, dando como exemplo ajustes no céu e remoção de cabos e guindastes. A equipe de Efeitos Visuais também adicionou um terceiro andar na casa dos Cullen com animação digital.

Melissa Rosenberg escreveu o roteiro de “Lua Nova” assim como o livro seguinte, “Eclipse”, e todos os atores estão contratados até o terceiro filme. Kristen Stewart, que não conhecia nada da trilogia antes de ser contratada, sente agora uma afinidade pela personagem que ela ainda pode interpretar por muitos anos. “Essa garota se envolveu numa situação extravagante. É uma história de amor épica, arriscada, fundamental”, resume ela o apelo da série.

O último será o mais difícil de ser adaptado para as telonas, de acordo com Meyer. “Um dos personagens terá de ser feito com animação gráfica”, explica ela. Mesmo assim, os filmes precisam ser feitos em pouquíssimo tempo. Adolescentes não permanecem adolescentes, mas vampiros não envelhecem nunca. Os vampiros de Stephenie Meyer voltam à telona nas outras três adaptações da saga "Crepúsculo". "Lua Nova" chega aos cinemas pouco menos de um ano depois do sucesso estrondoso do primeiro filme. O terceiro, "Eclipse", tem estreia prevista para 30 de junho de 2010. Quem dirige o segundo filme da saga é Chris Weitz (“Um Grande Garoto”, “American Pie 2”), que terá novamente o roteiro adaptado por Melissa Rosenberg. O diretor substitui Catherine Hardwicke, de "Crepúsculo".

A maior parte das cenas foi rodada em Vancouver, já que o clima frio e chuvoso é parecido com o da cidade de Forks, onde se passa a história. As cenas com os Volturi, a “realeza” dos vampiros, foram rodadas em Montepulciano, na Itália. É lá que Edward tenta se matar, na tão aguardada cena que certamente vai arrancar suspiros e gritos de suas fãs.

Os atores principais - Kristen Stewart, Robert Pattinson e Taylor Lautner – continuam com os mesmos papéis. A transformação mais impressionante é de Lautner, que precisou ganhar quase 13 quilos em massa muscular para representar a transição do menino Jacob para um adolescente lobisomem. Isso mesmo, o segundo filme da saga não mostra apenas vampiros, foca também na transformação e vida dos lobisomens da tribo Quileute. Para quem leu o livro e sentiu a falta do vampiro Edward, sumido durante a maior parte da história, saiba que o filme deu um jeito de mostrar mais o galã Robert Pattinson. Seu rosto aparece em lembranças ou alucinações da mocinha Bella.

O filme promete mostrar o amadurecimento dos personagens Bella e Jacob, que passam por transformações importantes: ela, por ter sido abandonada pelo amor de sua vida, e ele por ter descoberto que vem de uma linhagem de lobisomens. Os dois se aproximam bastante, e ele vai tentar roubar a mocinha do seu maior inimigo.

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