sábado, 2 de junho de 2012

BIOGRAFIAS: Charlie Chaplin

Charlie Chaplin criou o mais famoso e cativante personagem da história do cinema. Sua contribuição para a sétima arte inclui também trabalhos como produtor, roteirista e diretor cinematográfico. Se não bastasse, ele ainda foi um dos fundadores da United Artists, a primeira companhia independente de produção e distribuição de filmes em Hollywood. Mas, de todas as suas contribuições, é a invenção e a interpretação do simpático pequeno vagabundo Carlitos, com seu chapéu velho, bengala de bambu e calças largas surradas, que fez de Chaplin uma das grandes personalidades da história do cinema.

Em busca do ouro  Nas primeiras décadas do século 20, quando o cinema ainda era mudo, os filmes de Chaplin eram certeza de diversão e muitas gargalhadas. Um século depois, Carlitos, o alter-ego criado por ele, continua a encantar as pessoas e, graças principalmente às suas performances no papel do pequeno vagabundo, Chaplin foi eleito no final do século 20 o melhor ator de todos os tempos, por críticos de cinema do mundo todo.

A trajetória artística desse comediante britânico começou cedo ao ter de inesperadamente substituir sua mãe, a cantora Hannah Hall, no meio de uma apresentação quando ela perdeu a voz. Chaplin tinha então cinco anos de idade. Essa precocidade iria se confirmar nos anos seguintes. Numa trajetória marcada por pobreza e dificuldades, o talento de Chaplin se sobressaiu e chamou a atenção do recém-nascido mundo cinematográfico.

O pequeno vagabundo Charles Spencer Chaplin Jr. nasceu em Londres em 16 de abril de 1889. Seus pais eram artistas e separaram-se logo após o seu nascimento. Chaplin viveu seus primeiros anos na companhia da mãe e de seu meio-irmão Sydney. Mas a instabilidade mental de sua mãe a levou a perder o emprego e mais tarde a ser internada em um asilo. Nessa fase, Chaplin e o irmão acabaram passando algum tempo em escolas para crianças desamparadas, como que numa versão real dos contos de Charles Dickens. O período de convivência com a mãe ensinou Chaplin a gostar do ramo de entretenimento. Aos oito anos de idade ele já fazia sua estreia como profissional ao se juntar à Eight Lancashire Lads, uma companhia de sapateado. Usando os contatos da mãe no mundo artístico, aos dez anos ele deixou a escola e passou a trabalhar como mímico e ajudante em vários grupos britânicos.

Foi provavelmente nesse período, de dificuldades e pobreza, que ele buscou elementos para desenvolver as características e o visual de Carlitos. Nessa fase, seu talento começou a se destacar. O trabalho na trupe de mímicos de Fred Karno, com a interpretação de um personagem simplesmente conhecido como “o bêbado”, na peça “A Night in an English Music Hall”, durante uma excursão nos Estados Unidos, chamou a atenção de um produtor cinematográfico. Com a ida de Chaplin para o cinema começou a nascer um dos mais importantes personagens da sétima arte.

Em 1913, Charlie Chaplin assinou seu primeiro contrato no cinema com o Estúdio Keystone. Contratado para atuar nas comédias dirigidas por Mack Sennet, fundador do estúdio, Chaplin fez sua primeira aparição nas telas no filme “Making a Living”, lançado em 1914, com um personagem que não lhe permitiu mostrar todo seu talento.

Tempos Modernos  Na produção seguinte, “Kid Auto Races at Venice”, Sennet dá a liberdade a Chaplin para que ele improvise e desenvolva as características do personagem. Ele então constrói uma espécie de alter-ego, com um visual que se tornaria imortal, com seus sapatos gastos e frouxos, casaco demasiado apertado, calças folgadas e um chapéu fora de moda. Nascia um simpático andarilho pobretão que se tornaria um dos maiores sucessos da história do cinema. O personagem criado por Chaplin, no entanto, nem sempre atuou como um desocupado. Ele assumiu o papel de garçom, balconista, bombeiro. Mas em qualquer situação, ele sempre era essencialmente um perdedor e um sobrevivente. Sem sorte no amor, metido a ser especialista em tudo e rejeitado pela sociedade, Carlitos conquistava a audiência com seu descaramento, seu improvável heroísmo, seu desprezo pela ostentação e sua perseverança frente às adversidades.

O Grande Ditador  Ao enfrentar um mundo que lhe é sempre hostil, Carlitos mostra-se mais divertido ainda quando está amedrontado, em seus esforços para tentar pacificar as situações ou ajudar pessoas que se sentem mais fracas ou amedrontadas do que ele próprio. Muitos biógrafos acreditam que essas características encontradas em Carlitos têm suas raízes na infância pobre e difícil de Chaplin. Apesar de atuar em 35 comédias produzidas pelo Estúdio Keystone, entre 1914 e 1915, o desenvolvimento completo de Carlitos só aconteceu quando Chaplin tornou-se também o diretor dos filmes. Após deixar o Keystone, em busca de ganhar mais dinheiro, Chaplin dirigiu e atuou em filmes que consagraram o personagem, como “O Vagabundo” (1915), “O Bombeiro” (1916) e “O Garoto” (1921), entre outros. Carlitos tornou Chaplin quase que imediatamente uma estrela internacional.

Em 1919, Chaplin juntou-se aos atores Mary Pickford e Douglas Fairbanks e ao diretor D. W. Griffith para fundar a United Artists, o primeiro estúdio e distribuidora de filmes constituída por artistas e que de forma independente propunha fazer frente aos grandes estúdios de Hollywood. Apesar de seu enorme sucesso como ator, diretor e produtor, Chaplin ficou bem preocupado e resistiu ao advento dos filmes sonoros. Somente uma década após a inovação, ele faria seus primeiros filmes no novo formato. Entre eles, clássicos como “Tempos Modernos” (1936) e “O Grande Ditador” (1940), ambos produzidos pela United Artists.
 
Monsieur Verdoux  Fora das telas Chaplin teve uma vida conturbada nos relacionamentos amorosos e também em suas atividades políticas. Seus dois primeiros casamentos foram com adolescentes e terminaram em divórcio. Suas simpatias pelos movimentos de esquerda o fizeram ser alvo do macarthismo e quando viajou para Londres em 1952 para lançar o filme “Limelight” não pôde mais retornar aos Estados Unidos em função de não ter seu visto renovado.

Chaplin passou então a viver na Suíça e somente voltaria aos Estados Unidos em 1972 para receber um prêmio especial da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood durante a cerimônia do Oscar, quando foi aclamado e ovacionado durante 12 minutos. Em 1975 ele recebeu o título de cavaleiro da rainha Elizabeth 2.ª, da Inglaterra.

Sir Charles Spencer Chaplin Jr. estava casado com Oona O’Neill, filha do dramaturgo norte-americano Eugene O’Neill, desde 1943, e com ela teve oito filhos. Junto da família, em seu exílio na Suiça, Chaplin morreu na noite de Natal de 1977, aos 88 anos de idade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário