
A especialidade de Marston na área da psicologia era a teoria do gênero e alguns dos seus pontos de vista seriam tão radicais hoje quanto eram na década de 40. Dependendo do enfoque, você poderá considerá-lo um excêntrico ou um protótipo de feminista. A revista da Mulher Maravilha (site em inglês) coloca isso da seguinte forma:
"Durante a sua vida, Marston defendeu as causas das mulheres de sua época".

Ele criou a personagem da Mulher Maravilha durante o período em que esteve no conselho consultivo editorial da Detective Comics Inc. (hoje em dia DC Comics) e da All American Comics. O editor-chefe procurou Marston com o objetivo de inventar uma nova personagem feminina no mesmo estilo de Batman, Super-Homem e outros super-heróis da época. Em resposta, ele escreveu uma história chamada "Suprema, a Mulher Maravilha" o que originou a nova personagem (menos o nome Suprema) na All Star Comics, Sensation Comics e Detective Comics. Ela ganhou a sua própria revista em quadrinhos no verão de 1942, que foi transferida exclusivamente para a DC Comics em 1944. Marston escreveu todas as histórias da Mulher Maravilha até a sua morte em 1947.
A Mulher Maravilha de Marston é uma princesa amazona que cresceu numa ilha, chamada Ilha Paraíso ou Themyscira. Ela recebeu o título de Mulher Maravilha quando ganhou um torneio e foi declarada a mais habilidosa e inteligente de sua tribo. Quando um piloto da Força Aérea chamado Steve Trevor faz um pouso de emergência em Themyscira, a tribo manda a Mulher Maravilha tratar suas feridas e acompanhá-lo de volta ao "mundo dos homens" (para fora da ilha) como embaixadora. De volta ao mundo dos homens, ela assume a identidade de Princesa Diana para ocultar a sua verdadeira origem. A Mulher Maravilha incorporou a visão que Marston tinha das mulheres: inteligentes, honestas e gentis. Ela possuía grande força de persuasão. Como amazona, tinha habilidade em combates corpo-a-corpo. Ao contrário dos outros super-heróis, a sua missão não era só acabar com o crime, mas também reformar os criminosos e torná-los cidadãos de bem.

Abaixo está uma lista dos seus poderes especiais e armas:
- laço da verdade - quando está com o seu laço, os criminosos não têm outra opção senão dizer a verdade. O laço é inquebrável, mas pode ser esticado infinitamente. Foi feito pelo ferreiro do deus grego Hefesto a partir do cinturão da deusa Afrodite;
- braceletes mágicos - na história, todas as amazonas usam braceletes especiais à prova de balas que na mitologia grega são o símbolo da sujeição temporária a Hércules. Quando as amazonas perdem os seus braceletes, elas enlouquecem de raiva. E se por acaso algum vilão fundir os braceletes, ficará enfraquecido se usá-los, assim como a criptonita faz com o Super-Homem;
- avião invisível - o avião invisível não teve sua origem explicada antes da morte de Marston. Há várias explicações conflitantes que surgiram nas revistas em quadrinhos no decorrer dos anos. Tanto pode ser uma encarnação de Pégaso, o unicórnio voador, quanto uma substância transmutadora, que ela chama de "Domo". Com o avanço da tecnologia no mundo real, o avião invisível se transforma em jato invisível.
O cunho das pesquisas e da vida pessoal de Marston está inserido em todas as histórias da Mulher Maravilha que ele escreveu. Mais óbvio ainda é a adaptação que o inventor do teste poligráfico fez ao equipar a sua super-heroína com um laço da verdade.

William Marston faleceu em 1947. Ele deixou um contrato que concedia à DC Comics o direito de publicar com exclusividade as histórias da Mulher Maravilha pelo tempo de existência da personagem. Caso algum dia eles parassem com a publicação, a posse seria permanentemente revertida para os bens de Marston. Isto fez com que a Mulher Maravilha tivesse uma das mais longas vidas dos super-heróis das histórias em quadrinhos. Os escritores Robert Kanigher e Denny O'Neil assumiram a responsabilidade de escrever as histórias após a morte de Marston. Com os novos escritores, no final da década de 40 e início de 50, a Mulher Maravilha passou por muitas mudanças: seu feminismo foi reduzido, sua origem foi revisitada e aprofundada e ela recebeu alguns novos brinquedos. Eis alguns dos destaques:
- novo interesse amoroso: subitamente ela se apaixona por Steve Trevor. Isto abre caminho para futuras histórias da super-heroína que finalmente também cai de amores pelo Homem-Pássaro, Aquático e possivelmente o Super-Homem, depende de para quem você perguntar;
- novas armas e habilidades: transforma a sua tiara em um bumerangue mágico e seus brincos lhe permitem respirar em ambientes sem oxigênio, como o espaço. Seus braceletes formam um elo de comunicação com Themyscira;
- origens: o escritor Robert Kanigher pega uma página do livro do Super-Homem e cria as histórias da Moça Maravilha e Bebê Maravilha para mostrar como era a Mulher Maravilha em diferentes épocas na história. Uma história chamada "Contos Impossíveis" mostra o que aconteceria se as quatro Maravilhas: Mulher, Bebê, Moça e Rainha (a sua mãe), existissem no mesmo lugar e época. Esta façanha acontece quando um novo escritor, Bob Haney, as interpreta como personagens completamente separadas. Haney comete erros na continuidade da história e faz com que a Mulher Maravilha seja a sua própria amiga, na qualidade de Moça Maravilha. Ele continua escrevendo sobre a Moça Maravilha na revista em quadrinhos "Teens Titans" que inclui os novos super-heróis Batman e Robin. Estes problemas de continuidade não seriam esclarecidos antes do esforço de arrumação da DC Comics, conhecido como "Crise nas Terras do Infinito".



Assim como os outros personagens da DC, a história da Mulher Maravilha foi reescrita após "A Crise". O escritor George Perez inventou a nova série dando ênfase à mitologia grega e aos conflitos entre os deuses. A nova Mulher Maravilha veio ao mundo dos homens falando somente grego antigo, sem conhecer a civilização atual. Embora parecida fisicamente, a nova Etta Candy não fazia mais parte da fraternidade; no mundo pós-crise ela era uma oficial militar. Steve Trevor era bem mais velho que nas histórias antigas. Sendo assim, ele agora se interessava pela Etta ao invés da Mulher Maravilha. Eis a origem da versão atual da Mulher Maravilha que está no site da DC Comics. Eles usaram o resumo da história original de William Marston e a transformaram em algo um pouco diferente:
Ela é o espírito reencarnado de uma criança humana que morreu no ventre de sua mãe cerca de 30 mil anos atrás e foi trazida à vida por várias deusas gregas com a finalidade de combater as conspirações de Ares, o deus da guerra... Essas deusas gregas, assim como Hermes, o deus mensageiro, puseram o espírito dentro de uma escultura de barro moldada por Hypólita, revivendo-a. Tendo recebido poderes especiais de cada uma das deusas do Olimpo, Diana entrou secretamente no torneio cujo objetivo era escolher a melhor amazona para confrontar o deus da guerra. Ela ganhou e, como campeã de Themyscira, derrotou Ares antes que ele causasse um holocausto nuclear.
Muitos dos fãs viram ou pelo menos ouviram falar no programa da Mulher Maravilha na TV dos anos 70 estrelado por Lynda Carter. Para muitos, Lynda Carter é a Mulher Maravilha. Mas esta não foi a primeira tentativa de trazer o personagem à tela da TV.
- Em 1967, a Greenway Productions produziu um curto piloto do humorístico da Mulher Maravilha na mesma linha do filme de ação do Batman, estrelando Ellie Wood Walker como personagem título. Nunca foi a lugar nenhum.
- Cathy Lee Crosby estrelou como Mulher Maravilha em um quase esquecido filme de 1974 feito para a TV. Apesar da revista em quadrinhos ter deslanchado, era apresentada uma Mulher Maravilha anos 60 em oposição à versão da super heroína corajosa que Lynda Carter popularizou alguns anos mais tarde.
- O programa de TV da Mulher Maravilha de Lynda Carter foi exibido entre 1976 e 1979. Em sua primeira temporada, ele transcorria na mesma época em que se passava a história da primeira Mulher Maravilha, no início da década de 40, tendo a Segunda Guerra Mundial como tema principal. De certo modo, era fiel à história em quadrinhos, mas enfatizava mais as missões militares e menos os contos fantásticos e mitologia. Apesar de ter boa audiência foi cancelado após a primeira temporada e depois ressuscitado em outro canal, CBS ao invés da ABC. As novas aventuras da Mulher Maravilha, como foi denominado, era um programa de ação/aventura que se passava em tempo real, na época em que foi apresentado, nos anos 70.
- Houve vários desenhos animados, desde uma participação em "The Brady Kids", em 1972, até curtas exibições em Super Amigos, nos anos 70 e 80 e a Liga da Justiça nos dias de hoje.

Uma biografia bem narrada da Mulher-Maravilha https://www.youtube.com/watch?v=R5GtRpZSeHE por Dani Marino e Ana Carolina Cunha
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